sábado, 22 de janeiro de 2011

Saviola e os golos

Com seis golos marcados nas últimas cinco jornadas da Liga, Javier Saviola recuperou a confiança dos adeptos do Benfica e a reconciliação da crítica desportiva, depois de o longo período de menor evidência individual ter coincidido com a crise de resultados da equipa de Jorge Jesus.
Existe até uma coincidência interessante com a época anterior, uma vez que a sua melhor sequência de jogos consecutivos a marcar ocorreu nas mesmas jornadas (entre a 12.ª e a 16.ª) deste ano, na altura com 5 golos em 5 jogos. E suscita desde logo a curiosidade sobre o que vai acontecer a seguir, pois o argentino teve uma segunda volta de rendimento bem menor, marcando apenas dois golos, o último deles no início de Março, quando ainda faltavam disputar oito jornadas.
A Primavera de Saviola já tinha sido muito difícil, devido a uma fissura num dedo do pé direito que o afastou algumas semanas, e essa má fase acabou por projectar-se no início da temporada corrente, associada negativamente à crise de resultados da equipa.
No auge das críticas e das dúvidas, o treinador Jesus afastou-o da equipa no célebre jogo do Dragão com o FC Porto e as relações pareciam em estado crítico, mas o técnico conseguiu reactivar a confiança e alegria de jogar do avançado, embora com ajuda do talento de Sálvio e com a recuperação de Cardozo, seu parceiro natural no Benfica.
Sendo um jogador de participação secundária no jogo colectivo, aproveitador de sobras e bolas perdidas na área e gerador de espaços livres e movimentos de desmarcação, Saviola depende bastante de parceiros inteligentes e da velocidade desequilibrante dos flanqueadores. A afirmação de Sálvio, em suprimento da ausência de Di Maria, tem uma relação directa com a boa fase e com a sequência de golos e assistências das últimas partidas.
Desde que chegou ao Benfica, olhado com alguma desconfiança devido ao rendimento irregular dos anos anteriores em Espanha e França, em ano e meio, Saviola mantém a participação em 34 por cento dos golos da equipa, contando os que marca e os que dá a marcar. Essa foi a percentagem dos primeiros seis meses, quando teve um impacto extraordinário no início avassalador da carreira para o título, mas é também a percentagem da época corrente, apesar dos períodos negativos que atravessou, juntamente com a equipa.
Saviola foi uma das figuras preponderantes do Benfica campeão e, se não voltar a lesionar-se, poderá ter um segundo semestre bem mais positivo do que o da época de estreia, apagando as más lembranças da falsa partida e desse dia fatídico para os benfiquistas, em que ficou fora da equipa e terá tido o seu momento mais crítico na relação com Jorge Jesus.

ARGENTINO ACERTA RENDIMENTO

Chegou a ser alvo de críticas acintosas, parecia incapaz de atingir o rendimento da melhor fase da época transacta, mas desde finais de Novembro Saviola está «on fire», marcando golos em todos os jogos. O rendimento individual cresceu de tal forma que conseguiu até nivelar os impressionantes 34% de participação no total dos golos da equipa, entre conclusões e assistências, salvaguardando o défice global, que se situa actualmente 18 golos abaixo dos marcados em período homólogo da temporada do título. A equipa rende menos, mas Saviola já está no plano da época passada.
 Assinatura em 24 de 70
Nos primeiros seis meses da época de estreia, Saviola teve participação em 24 (16 golos, 8 assistências) dos 70 marcados até meados de Janeiro.
Marca pessoal em 18 de 52
Este ano, Saviola já atingiu os mesmos 34% de participação na concretização do Benfica, embora baixando o crédito individual para apenas 18 (11 golos, 7 assistências), de um total colectivo de 52. 

PARCEIRO CARDOZO FAZ A DIFERENÇA

Saviola gosta de alinhar ao lado de um ponta-de-lança posicional como Cardozo, deambulando por áreas menos vigiadas da grande área ou soltando-se nos espaços vazios em lances de contra-ataque. Apesar da capacidade técnica, da criatividade e de se ter estreado frente ao Belenenses com um golo numa corrida de 60 metros com a bola, não é jogador que privilegie esse tipo de lances individuais prolongados. Prefere as tabelas e as desmarcações em conjunto com quem o entende. Na época passada, fez golos em conluio com todos os criativos da equipa (Fábio Coentrão 3, Carlos Martins 2, Aimar e Di Maria), mas foi sobretudo da parceria com Cardozo que resultaram mais frutos. Marcou três assistidos pelo paraguaio e ofereceu-lhe de volta cinco bolas de golo. Neste Outono, por causa da lesão do parceiro preferido, Saviola ressentiu-se da falta de um parceiro à altura durante os dois meses mais discretos da época e isso explica a oscilação. 
ANTES DE SÁLVIO
Na primeira fase da época, marcou apenas um golo na Liga, em Guimarães, e outro na Taça de Portugal, frente ao Arouca. Apesar das críticas que ouviu nesse período, ainda contribuiu com quatro passes para golo, três deles consecutivos para três vitórias (Sporting, Marítimo e Braga) que marcaram o início da recuperação encarnada na classificação. 
DEPOIS DE SÁLVIO
Após o lançamento do compatriota emprestado pelo Atlético de Madrid no jogo do Dragão em que Saviola não saiu do banco, começaram a surgir os golos em praticamente todos os jogos, seis na Liga, e mais um por cada jogo das outras competições nacionais em que participou, um total de nove nas últimas oito partidas, junto com mais três assistências.

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