Mostrar mensagens com a etiqueta Entrevistas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Entrevistas. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 5 de julho de 2011

Entrevista a Javier Saviola - Parte V

 CONTINUAÇÃO!

E dentro de campo, como é que é o Saviola? Emocionalmente...
- Dentro de campo...
Quando as coisas, por exemplo, não correm bem, você tem força interior... Vocês falam com a vossa alma para conseguir superar as coisas? Como é que fazem?
- Sim, eu acho que um jogador de futebol, aquele que está num nível alto é porque tem esse poder de saber ultrapassar as coisas que não são boas dentro do futebol. E de quando as coisas correm mal ele sair fortalecido. E também fora do futebol...
Como é que se supera a pressão?
- Supera-se com amigos... Com aqueles que sabemos que são amigos verdadeiros. Com a minha mãe. Quando aconteceu aquilo com o meu pai, que foi o momento mais duro dentro da minha carreira, onde as coisas foram muito difíceis, aí apoiei-me muito na minha mãe. Estávamos os dois sozinhos e é nesses momentos que te sentes agradecido por teres um familiar directo e que seja importante na tua vida.
E dentro do campo, onde esses amigos às vezes falham, como é que vocês, sozinhos, têm os colegas naturalmente, mas por vezes sozinhos têm de passar esse momento em que por vezes as coisas não saem bem e o público às vezes impacientemente assobia... Como é que vocês conseguem dar a volta?
- É difícil, por vezes não têm noção o que é estar dentro de campo, pensam que é simplesmente correr atrás de uma bola mas é muito complicado. Como disse antes, uma pessoa tem de passar muitas coisas... Às vezes nem é uma questão futebolística, existem coisas na vida pessoal que as pessoas desconhecem e se queremos estar num nível alto temos que pensar um bocado friamente. Teremos de pensar que temos de estar bem para beneficiar a equipa, não nos podemos desfavorecer frente ao adversário, muito menos no nosso nível.
Achas que os adeptos do Benfica são muito exigentes?
- Isso requer estar num clube grande. Eu tive a sorte de estar em grandes clubes e a maior parte dos clubes onde estive, os adeptos têm pouca paciência. Mas é normal porque passaram tantos e bons jogadores ao longo da história... Ganharam tantos campeonatos que as pessoas pedem sempre mais. Se conseguires ganhar hoje, amanhã, as pessoas querem que ganhes sempre. E há que saber como lidar com isso, como disse antes, há que fortalecer-te nos momentos mais difíceis.
O Saviola começou desde pequenino a jogar, penso que aos 11 anos, aos 16 entra logo como sénior numa equipa como o River Plate. Como é que foi essa ascensão tão rápida para chegar a uma equipa de topo na Argentina? Com 16 anos vê-se numa equipa principal de topo da Argentina...
- Eu digo sempre que nunca cheguei a dar-me conta do sítio onde estava...
Era um fenómeno na altura... Pelo menos para toda a imprensa que o qualificava como um fenómeno, que era um valor imergente do valor do futebol argentino... Como é que foi lidar com isso aos 16 anos?
- Lidava com a maior profissionalidade que podia. Recordo-me que a primeira vez que entrei no balneário, os jogadores mais velhos que estavam lá nesse momento, que teriam aproximadamente a sua idade, olhavam para mim como se eu me tivesse enganado no balneário, porque tinha apenas 16 anos. Mas também foi muito bom que tenha acontecido, porque quando alguém entra no balneário tem que ser humilde nesse momento e saber que acabou de chegar e não pode ocupar o lugar de um que já lá está há muito tempo. Primeiro devemos ouvir os conselhos dos mais velhos e embora eu tivesse ainda essa idade já tinha em plena mente tudo o que queria. Que seria continuar a minha carreira de profissional até ao topo.
E chega à selecção da Argentina. O que é que isso significou para si, quando vestiu aquela camisola?
- Eu acho que qualquer jogador tem esse sonho. Primeiro jogar no clube onde está e depois chegar à selecção. É o mais importante. Foi uma das coisas mais importantes que me aconteceu no futebol. Estar na selecção, poder competir no mundial Sub-20 no meu país, tê-lo vencido. O facto de ter podido também ir aos Jogos Olímpicos, também foram das coisas que mais me marcaram. Uns Jogos Olímpicos, para um desportista, são algo grandioso. Para além disso, o meu sonho maior era jogar num mundial. Sempre desejei sentir o que um jogador sente quando está dentro de campo sabendo que há milhões de pessoas no seu país que esperam o melhor da sua parte, que está a representar o seu país. Foi algo indescritível.
O Saviola, como perceberam,  foi campeão do Mundo pela selecção Sub-20 da Argentina e depois em 2004 foi campeão Olímpico. Que diferenças é que há aqui, são as duas coisas muito boas, claro. Como é que foi viver estas duas grandes competições?
- Eu vivi os Jogos Olímpicos como mais  um desportista. Quando participas nuns Jogos Olímpicos practicamente esqueces-te que és um jogador de futebol, pois estás numa mesa com jogadores de hóquei, andebol, outros desportos com os quais não estás habituado. Encontraste numa situação complicada, não conheces ninguém... Depois acabas por conhecer gente que nunca imaginaste vir a conhecer, como jogadores de basquetebol conhecidos internacionalmente entre muitos outros.
Em 2004 foi campeão Olímpico, recebeu a medalha de Ouro pelas mãos de Diego Armando Maradona. O que é que este jogador significa para si?
- Para todos os argentinos o Maradona é um símbolo. É um orgulho para qualquer argentino receber o prémio das mãos dele. Depois da sua trajectória, de ganhar mundiais, levando o nome do nosso país ao mais alto. Em termos futebolísticos é o mais bonito que nos pode acontecer, uma figura tão conhecida mundialmente e tão importante para todos nós nos entregue um prémio. Foi único.
E também, em Espanha, representou os dois maiores clubes espanhóis: Barcelona e Real Madrid. Que diferenças é que encontrou nestes dois clubes?
- São os dois clubes enormes. Talvez a principal diferença tenha sido estar 6 anos numa equipa e apenas 1 noutra. São duas coisas completamente diferentes. No Barça estive bastante tempo e tive oportunidade de jogar muito mais do que no Real Madrid. Ter vivido numa cidade como Barcelona... A minha passagem por Madrid foi mais tranquila, não tive tantas oportunidades de jogar. Foi uma passagem mais rápida por Madrid. Talvez tenha aproveitado mais no Barcelona.
Depois passou ainda pelo Mónaco e no Sevilha ganha a final da Taça UEFA. O que é que isso significou para si? Era um jogador fundamental na altura.
- Para o Sevilha, nesse momento, essa foi a primeira Taça UEFA, depois arrecadou mais títulos para o clube. Mas nesse momento foi o começo de uma fase de bons resultados. Em Sevilha foi algo único, vivi-o de maneira muito especial. Acho que é em Sevilha que as pessoas vivem com maior entusiasmo o futebol em Espanha. Vivi-o de uma maneira muito intensa. Foi muito bonito estar com os meus companheiros e toda a cidade de Sevilha a partilhar esse momento connosco. No Mónaco foi completamente diferente pois no Mónaco foi mais uma espécie de férias. (risos)
É um local maravilhoso para viver. (risos)
- Sim, fiquei surpreendido, pois estar na cidade, com tantas coisas, parecia que estava num sonho...
Saviola, acha que ainda consegue chegar à selecção argentina ou já é difícil?
- Sei que é difícil... Mas ainda tenho a ilusão de poder voltar. Sei que é complicado mas a ilusão mantém-se sempre. Qualquer jogador procura fazer as coisas pelo melhor para que essa convocatória seja possível, mas sei que actualmente é bastante difícil.
Fazem-nos sinal de que estamos practicamente no fim do programa. Quer deixar uma mensagem final para os Benfiquistas numa altura em que estamos numa fase fundamental de três provas em que o Benfica tem legítimas aspirações a ganhar todas elas. Deixo-o no final do programa.
- Bem, antes de mais queria agradecer a todas as pessoas e a todos os adeptos do Benfica pelo apoio, por nos fazerem sentir tão bem dentro de campo. Pela nossa parte esperemos que corra tudo pelo melhor e que no final da temporada possamos celebrar com vocês. Esperemos também, tanto nós dentro de campo, como vocês cá fora, elevar o clube ao mais alto.
E desta forma chegamos ao final do Zona de Decisão. 

FIM!
Parte V (última) da entrevista a Javier Saviola, transmitida na Benfica TV no programa "Zona de Decisão" no dia 28-03-2011. Peço imensa desculpa pelo tardar desta publicação, mas era-me impossível publicar mais cedo, foi algo que me deu algum trabalho e o tempo era escasso.
Gostaria que não copiassem sem pedir autorização pois foi tudo escrito por mim, algumas expressões foram traduzidas por mim. Tive muito trabalho com isto, por isso peço que ao retirarem ao menos dizer que o vão retirar.
Obrigada, a administradora.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Entrevista a Javier Saviola - Parte IV

CONTINUAÇÃO...
Bem vindos à segunda parte do Zona de Decisão, o nosso convidado de hoje é "El Conejo", Javier Saviola. Saviola, vamos começar a segunda parte por lhe perguntar como é que um jogador de alta competição como você é, costuma passar ou como é que é o seu dia-a-dia?
- Bem, pessoalmente e quando estou com a minha namorada gosto muito de ir ao cinema, de viajar quando temos a possibilidade, quando temos algum dia livre, quando não jogos num fim de semana aproveitamos para conhecer novos lugares. Também gosto muito de sair para jantar...
E quando há treinos, é acordar, treino, casa, almoçam no centro de estágios, como é que fazem?
- Quando tenho treino fazemos mais uma vida de estar em casa. Nós aqui no Benfica treinamos quase sempre mais à tarde, quando tenho de fazer algo de manhã, faço-o e depois tenho de almoçar e estar pronto para ir treinar. O treino dura quase todo o dia, depois voltamos para casa. Os treinos são no Seixal, eu vivo mais longe por isso chego tarde a casa, mais ou menos à hora de jantar. 
Como é que os jogadores classificam o Centro de Estágios no Seixal? É uma grande infra-estrutura para a prática do treino?
- Sim, o Centro tem tudo. Tem o campo, tem a zona do ginásio, tem o balneário... Tem tudo programado para que os jogadores se sintam cómodos de todas as maneiras. As pessoas que aí trabalham são muito competentes, como por exemplo os fisioterapeutas, os enfermeiros, são pessoas que só trabalham para nós. São pessoas que não se vêm dentro do campo mas fazem um trabalho importantíssimo dentro do clube.
E o Javier mora em Lisboa ou mora perto do Centro de Estágios?
- Eu vivo próximo do Dafundo.
Ah. E diga-me uma coisa, e como é que é andar em Lisboa, é facilmente reconhecível?
- Depende. Depende do sítio onde for. Se for a um Centro Comercial...
Abordam-no, os fãs do Benfica?
- Sim... (risos)
E normalmente como é que o fazem?
- Bem, eu não tenho qualquer problema, sou uma pessoa que, quando saio sei o que se pode passar. Contudo saio. Tento transformar-me numa pessoa normal sendo que vou fazer compras, vou ao cinema.. Sou uma pessoa, que nesse sentido nunca teve medo de sair de minha casa, faço-o sempre com o maior gosto e se as pessoas têm respeito... Eu também não tenho problemas quanto a dar um autografo, tirar uma foto ou até falar com essas pessoas.
Sei que, como bom argentino que você é, com certeza que deve gostar de um bom churrasco. Churrasco assado não é? Em castelhano. Diga-me lá uma coisa, que hábitos argentinos é que mantém cá em Portugal?
- Os assados... Por sorte o Maxi Pereira tem em casa um grelhador e temos uma excelente relação entre todos os argentinos. Todos...
O Maxi é uruguaiu... É perto. (risos) E ele também gosta? O Maxi é o cozinheiro?
- O Maxi é o cozinheiro. Nós vemos e ele faz o assado (risos). Como ele tem um grelhador, uma vez por semana ou uma vez de quinze em quinze dias juntamos as famílias e comemos todos em sua casa. 
O que é que mais recorda da Argentina?
- O que mais recordo... Em termos pessoais ou futebolísticos?
As duas...
- Pessoalmente, talvez as pessoas que ficaram, a minha família, amigos. Eu convido-os quase sempre para virem a Lisboa. Eles ficaram surpreendidos pelo que é o clube, a cidade.. Mas quando passo muito tempo sem ir à Argentina sinto bastante falta da família e como disse antes, os amigos, do bairro onde vivia. Futebolisticamente, já faz muito tempo que saí da Argentina. Talvez do que sinto mais falta é o fervor dos adeptos ou de ver o estádio cheio com os adeptos a animarem. Mas, na verdade, não sinto demasiada falta das coisas do meu país.
Lisboa é muito diferente de Buenos Aires?
- Sim, sim, é diferente. É uma cidade completamente diferente. Acho que Buenos Aires é mais parecido com Espanha, com Madrid por exemplo. Lisboa é completamente diferente.
Você em Buenos Aires tem o tango... Sabe dançar tango?
- Não. (risos)
Não sabe dançar.. E cantar o fado? Não sabe o que é o fado?
- Não. (risos)
Música tradicional portuguesa, já ouviu?
- Sim, sim, sei o que é mas não sei cantar (risos).
Olhe e os jogos da selecção Argentina, acompanha?
- Sim, quando há um jogo vejo sempre, tento acompanhar tudo.
Está... Percebo que está a falar com saudade quando fala da Argentina. Que episódios é que recorda com maior saudade, por exemplo do River Plate? Sei, que tenho aqui uma indicação, que quando foi campeão no dia seguinte às 7h30 da manhã estava a estudar para o seu exame de geografia.
- Bem, isso foi pelos meus pais porque eu sempre fui educado, os meus pais acompanharam sempre a minha vida futebolística, por isso claro que nunca sabia se podia chegar ao futebol da primeira divisão então eles queriam que eu estudasse e tivesse uma carreira, que tivesse os meus estudos pela duvida de que no futebol pudesse chegar ao que sou hoje. Eles sempre tiveram isso em mente. O futebol sempre acompanhado pelos estudos. Então fui campeão, celebrei toda a noite com os meus companheiros e e no outro dia estudei.
Os seus pais sempre o acompanharam na sua carreira de futebolista?
- Sempre. Sempre, sempre. Iam assistir a todos os jogos. E se tivéssemos que fazer uma viagem de 800km ou uma viagem grande, eles acompanhavam-me.
Sei que tem uma grande admiração pelo seu pai. O que é que ele simboliza para si?
- Tudo, a educação, o que sou hoje como pessoa. É uma pessoa que me demonstrou muitíssimas coisas. Sinto falta de não ter uma pessoa a quem possa pedir um conselho como pai, mas eu com 19 anos apercebi-me do que me esperava porque ele soube dar-me muitas coisas, muita educação, muita inteligência, transmitiu-me muita humildade e respeito pelas pessoas. E hoje estou bastante agradecido por tudo isso.
Quando o Saviola marca um golo, normalmente levanta os dois braços e olha para o céu. O que é que isso significa?
- É como que um contacto, talvez uma forma de comunicar com ele. É uma forma de lhe dedicar mas acima de tudo um agradecimento. É uma maneira de partilhar um momento tão feliz como esse com a pessoa que mais amo.
E a sua mãe, a sua mãe penso que vive em Espanha, Salamanca...
-A minha mãe vive em Madrid.
Ah, Madrid. Gostaria de a ter aqui perto de si?
- Sim, sim. Mas estou a viver com a minha namorada... Mas a minha mãe gosta muitíssimo de futebol e não perde nenhum jogo do Benfica em casa. Ela vê todos os jogos porque gosta muito de futebol.
Namorada.. Namorada também muito importante, claro, na sua vida. Como é que conheceu a Romanella?
- Bom, conhecia numa discoteca. Eu tinha saído com os meus amigos, ela estava com as suas amigas.
Mas lá?
- Sim, sim, na Argentina. Nesse dia começamos a falar e assim ficou o contacto. Depois eu fui para o mundial em 2006 e mantivemos o contacto e começamos a sair. 
Elas, vocês devem, por certo, ter uma vida profissional intensa.. Como é que é conciliar os vossos horários quer de futebolista que ela de modelo?
- Sim, antes de mais respeitando o que faz mais feliz a um e a outro, respeitando os horários e sabendo que temos uma vida diferente porque a minha vida é o desporto e ela é modelo, que são coisas completamente diferentes. Mas quando estamos juntos sabemos o que há entre os dois e isso é o mais importante. 
E está para breve um Saviolita?
- (risos) Não, não... Ainda não... É algo que nós sempre... bem eu já estou na idade, é algo que pensamos mas ainda não. Vamos com calma. (risos)
O que é que a fama significa para si? É bom, mas numa certa medida, não é?
- Sim, tem as suas coisas boas e as suas coisas más. Mas eu trato viver isso com a maior naturalidade, acho que isso é o mais importante. Ser nós mesmos. Tento agir com naturalidade com as pessoas, como disse antes, respeitá-las. Acho que o mais importante é lembrar-nos sempre das nossas origens, isso é o mais importante. Porque acho que todos temos uma virtude, por exemplo a minha que é jogar futebol. Cara a cara acho todos somos iguais.
Como é que foi a sua infância? Onde é que cresceu?
- Eu nasci perto do campo do River Plate, muito perto. Sempre tive um amigo muito importante que se chama Alejandro, que daqui a dez dias vem a Lisboa e bem criei-me practicamente com ele, somos como irmãos, conhecemo-nos desde os três anos. E na verdade tenho recordações muito bonitas do meu bairro. Por sorte vivi num bairro onde havia muitos parques, então juntavamo-nos para jogar futebol, que era o que eu mais gostava. Os meus pais, como já disse, queriam que eu estudasse mas como eu sempre digo, eu estudava para lhe dar esse gosto, porque o que eu realmente gostava era de jogar futebol. 
E nessa altura já era o melhor jogador? Entre os seus amigos ou não? Percebeu que já tinha muito jeito para jogar futebol?
- Eu gostava muito. Gostava mais do que eles. Por exemplo, sempre que ia a casa desse amigo, levava sempre a bola comigo. Ele preferia sempre outras coisas e dizia que pela ambição e pela vontade que tinha, chegaria longe no futebol. Talvez a principal razão seja eu gostar demasiado de futebol. 
Como é que é o Saviola no seu íntimo? Como é que se auto-caracteriza? Quais são as suas principais virtudes e defeitos? Eu sei, às vezes é complicado falar sobre nós próprios...
- Sim, é difícil...
Mas como é que faz esse auto-retrato?
- Sou uma pessoa bastante sensível. As coisas afectam-me um pouco interiormente. Mas gosto dos obstáculos. Ás vezes quando as coisas não saem bem tento sempre fortalecer-me interiormente. Sou uma pessoa muito humilde, trato sempre de ajudar os outros, que estejam bem e felizes. Fico muito feliz quando uma pessoa doente me escreve uma carta e me pede que a vá visitar. Eu vou vê-la com todo o gosto e isso põe-me muito feliz porque dentro daquilo que fazemos, poder ajudar as pessoas mais necessitadas é muito importante.

CONTINUA!... 

Parte IV da entrevista a Javier Saviola, transmitida na Benfica TV no programa "Zona de Decisão" no dia 28-03-2011.
Gostaria que não copiassem sem pedir autorização pois foi tudo escrito por mim, algumas expressões foram traduzidas por mim. Tive muito trabalho com isto, por isso peço que ao retirarem ao menos dizer que o vão retirar. 
A 5ª parte da entrevista irá ser publicada amanhã.
Obrigada, a administradora.

domingo, 3 de abril de 2011

Entrevista a Javier Saviola - Parte III

CONTINUAÇÃO...

Saviola qual é para si o momento mais feliz, até agora, no Benfica? Ou aquele, por exemplo, o golo em que o Saviola mais sentiu a emoção de marcar?
- Acho que o momento mais feliz aqui no Benfica foi, até agora, o momento em que fomos todos juntos no autocarro e...
Engraçado, isso foi fora dos relvados...
- Sim, sim, bem... (risos)
Sim sim claro, mas foi um momento inesquecível...
- Sim, sim. Foi um momento em que olhámos uns para os outros e não conseguíamos perceber...
Nem na Argentina...
- Na Argentina essas coisas não acontecem porque seria muito perigoso para todos...
Quando foi campeão em Madrid, os adeptos do Real não fizeram uma festa similar?
-Sim, sim, mas diferente...
Mas esta superou?
- Superou, superou em massa de gente. Nós olhávamos uns para os outros e não podíamos acreditar...
E o que é que vocês comentavam dentro daquele autocarro?
- Não podíamos acreditar, olhávamos para o mais longe que podíamos ver e havia adeptos por todo o lado. Perguntávamos onde terminaria aquela multidão. Foi muito bonito, acabar o campeonato sagrando-nos campeões e ver a felicidade estampada no rosto daquela gente...
Isso que me está a dizer foi fora dos relvados. E dentro dos relvados, qual foi, por exemplo, o golo que mais sentiu emoção? Recorda-se, ou o mais bonito que marcou...
- O mais bonito foi, talvez, um que marquei ao Nacional, fazendo um chapéu ao guarda redes. O golo que mais festejei foi o que marquei frente ao Porto, em que ganhámos 1-0 aqui na Luz, com chuva...
A importância do jogo, por ser com um rival...
- Claro claro. Teve importância por tudo. Qualquer jogador sempre deseja marcar um golo frente ao grande rival, isso é claríssimo. As pessoas ficam muito agradecidas porque estás a marcar um golo frente ao principal rival.
E o Saviola também, tal como a equipa, está num crescente de forma muito grande. E hoje sente-se muito bem fisicamente. E disposto também a enfrentar esta recta final de campeonato e das outras provas onde estamos inseridos. Sente que está a chegar novamente ao pico da sua forma?
- Bem, para mim esta temporada foi um pouco diferente da anterior. Neste último período não me senti muito bem. Não fisicamente mas sim futebolisticamente. Falhava bastantes passes mas agora começo a sentir-me bem outra vez, sinto-me melhor, com mais confiança. Isso é a vida dos jogadores, que atravessa bons e maus momentos. Oxalá fossemos todos como o Messi ou o Cristiano Ronaldo, (risos) que mantém o mesmo nível durante a maior parte do ano. Mas esperemos que nesta fase do campeonato todos estejamos bem pois com um só jogador na UEFA, não é possível ganhá-la. Temos de estar todos bem, temos de estar fisicamente aptos para este campeonato. Talvez a única diferença que existe entre a Liga Europa e o campeonato Português é que existem equipas que se defrontam até ao final como o PSG que nos causou problemas até ao último minuto de jogo. Por isso todos temos de estar bem fisicamente e em termos futebolísticos. Oxalá possamos dar essa alegria que todos tanto desejam.
Eu sei que o Saviola jogou muitos anos futsal. Em que é que o futsal pode ter influenciado a sua forma de jogar dentro do campo?
- Eu acho que de muitas maneiras, mas talvez a mais importante seja saber jogar em espaços reduzidos como acontece no futsal, onde não tens a dimensão que tens num campo de futebol. Aí tens de encontrar os espaços, tens de pensar muito rápido, não poderás fazer uma rotação tão facilmente como num campo de futebol. Porque também não tens metros suficientes. Acho que isso influência a forma de saber mexer-se em espaços reduzidos, ajuda muitíssimo. 
O que é que significa para si todos os domingos vestir a camisola do Benfica?
- Uhm... Orgulho... O orgulho de estar num dos clubes mais importantes. Talvez antes de vir para este clube não tivesse a percepção do que o Benfica significava. E à medida que o tempo passa vou ganhando cada vez mais carinho e vou percebendo mais o que pode pensar um adepto e vou ganhando carinho pelo clube. São experiências lindas que um jogador passa durante a sua carreira futebolística. Já é mais complicado quando vamos para um clube onde não se sente bem, não joga, não sente a vontade de entrar em campo e jogar... Mas comigo passa-se exactamente o contrário.
Você já conseguiu perceber o que significa a mística do Benfica? Sabe o que é que quer dizer a palavra mística?
- Não, não.
É alma do clube. Você conseguiu perceber qual é a alma, o fervor, o amor que se vive à volta deste clube? Tudo isso se chama mística. Você percebe isso?
- Eu acho que no primeiro dia comecei logo a notar o sentimento que havia neste clube. Foi no dia em que assinei pelo clube. No dia seguinte fui ver um jogo de futsal que até ganharam...
Eu estava lá e até começaram a gritar pelo seu nome... Eu estava ao pé de si. (risos) O que é que isso significou para si? Entrar num pavilhão de futsal...
- Não estava a entender nada. Disseram-me para irmos ver um jogo de futsal e eu pensei que iríamos estar nós sozinhos mas não, o campo estava cheio, o fervor das pessoas... E quando começaram a gritar o meu nome pensei "O Benfica deve ser mesmo muito grande!" Nesse momento comecei a aperceber-me de como as pessoas vivem a mística do Benfica. (risos)
Antes de irmos para intervalo, uma última pergunta. Como é que surgiu a alcunha de "El Conejo"?
- Essa alcunha foi-me dada por Gérman Burgos, na Argentina. Sempre que chegava um entrava um jogador novo ele dava-lhes uma alcunha. Não escapava nenhum. Na primeira vez que corri atrás de uma bola ele disse que eu lhe fazia lembrar um coelho. Então começou a chamar-me "conejo" e assim ficou até hoje.
E é desta forma que vamos para um pequeno intervalo. Não perca a segunda parte com Javier Saviola, voltamos já de seguida.

CONTINUA... 
Parte III da entrevista a Javier Saviola, transmitida na Benfica TV no programa "Zona de Decisão" no dia 28-03-2011.
Gostaria que não copiassem sem pedir autorização pois foi tudo escrito por mim, algumas expressões foram traduzidas por mim. Tive muito trabalho com isto, por isso peço que ao retirarem ao menos dizer que o vão retirar. 
A segunda parte do programa, que corresponde à parte IV da publicação da entrevista aqui no blogue vai ser publicada amanhã.
Obrigada, a administradora.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Entrevista a Javier Saviola - Parte II


CONTINUAÇÃO... 
O Saviola chegou a Portugal, começou a jogar e começou a tomar contacto com a realidade do futebol português. Entre o ano passado e este já realizou inúmeros jogos, conte-me lá como é que qualifica o nosso campeonato. Acha que, de facto, há competitividade na nossa Liga?
- Eu acho que o campeonato português está em crescimento. Para além do que são as três equipas, o mais importante, é um campeonato mais físico que futebolístico. Talvez fosse bom mudar essa mentalidade. As equipas deverão começar a jogar melhor, começar a concentrar-se mais na posse de bola e não deverão fechar-se tanto na retaguarda. Mas também é difícil... É complicado para um treinador agarrar numa equipa que não tenha tanta qualidade como poderá ter uma equipa de maior dimensão. Mas eu acho que o futebol português está a crescer, oxalá possa vir a estar entre os melhores campeonatos do mundo dentro dos próximos anos. Desde o nosso ponto de vista e como partícipes deste campeonato, trabalharemos para que continue a ser um campeonato atractivo para toda a gente.
Javier, o ano passado assistimos, como disse Jorge Jesus, a verdadeiros recitais de futebol mas no início desta época as coisas começaram se calhar não tão bem. Condicionaram também um pouco o nosso arranque no campeonato. Como é que você vê a evolução do Benfica desde o início até hoje?
- Bem, uma equipa passa sempre por esse período em que às vezes não está num bom nível. Uma equipa muito dificilmente pode manter um alto nível durante todo o ano. Nesse sentido acho que errámos por não ter começado bem o campeonato, esses pontos que perdemos foram bastante prejudiciais para a equipa... Depois a equipa começou a encontrar-se, a ganhar jogos, estivemos muito tempo sem perder. Ainda assim esses pontos perdidos no início do campeonato foram prejudiciais e agora estamos a pagar a factura desses dessa desvantagem.
É difícil recuperar agora...
- Sim, sim. Deveríamos estar em pé de igualdade para lutar pelo título com o Porto, para ganharmos o campeonato mas os pontos perdidos foram fatídicos.
Mas o Benfica está a jogar novamente muito bem futebol e estamos muito bem lançados nas outras provas onde também temos ambições para ganhar, quer na Taça de Portugal, na Taça da Liga e na Liga Europa. Acredita que pode revalidar, para si seria a segunda, a Taça UEFA, por exemplo?
- Sim, sim...
O Benfica pode lá chegar?
- Eu acho que estamos num bom caminho. Conhecemos as dificuldades inerentes a este tipo de competição, mas temos uma equipa muito competitiva, uma equipa que tem muita vontade de triunfar a nível europeu. Iremos agora até Eindhoven com o objectivo de ganhar o jogo. E...
PSV é um adversário difícil?
- Sim, é um rival difícil. E agora cada mais, a aproximar-nos do final da competição, todos os rivais são complicados, temos noção que estamos numa fase crucial. E sabemos que se passarmos esta eliminatória estamos a um passo de alcançar o objectivo tão esperado por todos, porque acho que toda a gente tem muito a ilusão de vencer, têm todos vontade de celebrar um título tão grande como este. E nós estaremos preparados para dar luta até ao final.
Qual é que é a sensação, para si, de entrar em campo com este estádio, com 65 000 pessoas a gritar fervorosamente pelo Benfica, que sensação é que isso provoca num jogador de futebol?
- Essa é uma pergunta que me fazem frequentemente, quer os meus amigos, quer a minha família, perguntam-se sempre como é que é entrar em campo e ver toda aquela gente que está rendida com aquilo que fazemos em campo, tanto para bem como para mal. É um sentimento que se tem de viver na primeira pessoa para conseguir descrevê-lo. Posso dizer que é muito bonito, dificilmente se encontra uma sensação que se compare, considero que temos de estar lá para conseguir perceber. É algo espectacular e que às vezes nem logramos entender como é possível alguém viver aquele momento. Por isso devemos apreciar tudo isso porque passa tudo muito rápido. A carreira de um jogador de futebol passa rapidíssimo. Por essa razão devemos aproveitar essas ocasiões únicas e singulares e devemos sentir-nos orgulhosos de poder fazer parte desse momento.
E marcar golos, qual é que é, no fundo, é uma sensação diferente. É o culminar, é a satisfação completa. O que é que é isso de marcar um golo? E começar a correr...
- Ás vezes a correr para qualquer lado sem qualquer rumo pois são sensações, como já referi antes, muito complicadas de explicar. Naquele momento parece que não conseguimos dominar o corpo, começas a correr e a gritar, quando vêm os teus companheiros para te abraçar... Quando marcas um golo e levantas a cabeça e vês todos a celebrarem, uns deitados no relvado, outros saltando para cima de outros e vês as famílias e as crianças ao rubro... É uma sensação maravilhosa que dificilmente se explica, temos de viver esse momento.

CONTINUA... 

Parte II da entrevista a Javier Saviola, transmitida na Benfica TV no programa "Zona de Decisão" no dia 28-03-2011.
Gostaria que não copiassem sem pedir autorização pois foi tudo escrito por mim, algumas expressões foram traduzidas por mim. Tive muito trabalho com isto, por isso peço que ao retirarem ao menos dizer que o vão retirar. 
Obrigada, a administradora.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Entrevista a Javier Saviola - Parte I

O nosso convidado de hoje é conhecido internacionalmente como "El Conejo". Jogador de elevada qualidade, de uma grande dimensão humana. Começou por se destacar no River Plate com ainda 16 anos, mas tarde ingressou no Barcelona e posteriormente no Real Madrid. Pelo meio esteve no Mónaco e no Sevilha, clube onde acabou por vencer uma Taça UEFA. Foi campeão do mundo sub-20 pela selecção da Argentina e em boa hora o Benfica o conseguiu resgatar ao Real Madrid, tendo chegado ao nosso clube em Junho de 2009. Bem vindo Javier Saviola à Benfica TV!
- Olá. Muito obrigado.
Saviola, conte-nos lá como é que surgiu o convite para vir para o Benfica.
- Bem, o primeiro contacto para vir para o clube foi com o Pablo Aimar, ele já estava cá há um ano. É verdade que haviam outros clubes interessados em mim, mas o Pablo disse-me como era clube, o sentimento que tinham os adeptos pelo Benfica e poder voltar a encontrá-lo depois de 10 anos, porque começamos juntos a jogar no River, sempre tínhamos a vontade de voltar a juntar-nos. Não só no futebol mas também como pessoas porque ele é um grande amigo meu. Foi ele o grande responsável por eu estar cá. Depois também falei com o Rui Costa, também ele me convenceu, falou muito bem do clube... Perante tantas coisas pensei mais sério. Tive a possibilidade de falar com a minha família, concordaram e viemos para o Benfica.
O nome Benfica dizia-lhe alguma coisa?
- Sinceramente, quando falaram em Benfica, ao início sabia que estava entre os grandes de Portugal mas nunca tinha visto a dimensão daquilo que era. Quando cheguei cá dei-me conta disso, ao ver por mim próprio.
Algum dia lhe passou pela cabeça jogar no campeonato em Portugal?
- Não. Eu acho que nós, os jogadores de futebol, nunca sabemos onde vamos estar. Andamos para um lado e para o outro. Dificilmente alguém pode prever que no futuro pode estar num clube ou noutro. Posso vir a jogar num clube grande, um jogador de futebol nunca sabe. Nunca imaginei que pudesse estar aqui no Benfica nem no futebol português. Assim como nunca imaginei poder estar num clube como o Barcelona, Real Madrid. Foram coisas que foram acontecendo...
Mas tem noção que o campeonato português, e nomeadamente o Benfica, contribuíram muito para a sua reabilitação futebolística, reabilitação no sentido figurado normalmente, porque você é um grande jogador em qualquer lado, mas o Benfica contribuiu muito para voltarmos a ver o grande Saviola.
- Sim. Encontrei um treinador que me deu muita confiança, companheiros que brindaram o meu futebol, acho que aconteceram muitas coisas para que eu possa estar num nível alto. No Real Madrid não jogava muito. O ter vindo para cá, em termos de futebol fez de mim um jogador completamente feliz, estando num clube em que as coisas estão a correr muito bem.
Quando as coisas estavam para acabar em Madrid, sei que teve muitos convites na altura. Por que é que optou por vir para o Benfica?
- Sim... Havia clubes que estavam interessados. Mas, como tinha referido antes, o facto de voltar a encontrar-me com o Aimar e depois o Rui Costa ter demonstrado um interesse muito grande em que eu viesse, começar a relacionar-me com o que o Benfica é, perguntar às pessoas. Foram muitas coisas. A partir do momento em que cheguei, apercebi-me da grandeza deste clube.
Saviola, o Aimar teve um peso, já percebemos, muito importante no ingresso aqui no Benfica e também sei que era ele que lhe dava boleia para vir para os treinos no início. Ainda é assim ou não?
- Sim, sim. (risos) Nós temos uma amizade muito grande para além do futebol, para além do entendimento que temos dentro de campo, ele sempre foi como um irmão mais velho, é assim que lhe chamo. Ele é dois anos mais velho que eu e quando estávamos no River eu ainda era muito jovem e ainda não podia ter carta de condução era ele que me levava aos treinos. Como ele vinha de fora, ele não é de Buenos Aires, costumava ficar em minha casa, dormia em minha casa e comia com a minha família. Sempre tivemos uma amizade muito bonita. Para além do que é o futebol, também.
Depois o Saviola chegou ao Benfica e percebeu que de facto estava num grande clube mundial, com uma imensa massa adepta... Como é que o Saviola viveu os primeiros tempos no Benfica?
- No princípio, fiquei surpreendido com tudo. Como referi antes, nunca pensei que fosse um clube tão grande mundialmente. Talvez aqui em Portugal... Sabia que o Benfica, o Porto e o Sporting são os maiores clubes. Um clube demonstra quando é grande quando vamos a um país. Por exemplo, quando fomos a França e havia cerca de 20 mil a animar a equipa e na verdade, aí apercebemo-nos da dimensão. Quando fomos campeões e vimos tanta gente reunida no centro de Lisboa... São situações que nos fazem perceber o que é verdadeiramente este clube. 
E isso surpreendeu-o de alguma forma? Ou estava à espera que o Benfica fosse isso mesmo?
- Surpreendeu-me! E surpreendeu-me positivamente. Surpreendeu-me a massa adepta, as pessoas, o seu fervor, o que cada adepto vive interiormente cada vez que vem ver um jogo... surpreenderam-me muitas coisas.
Há muita diferença entre os adeptos, por exemplo, da Argentina e do Benfica? Sei que na Argentina os adeptos são muitos fervorosos. 
- Sim, bem, na Argentina... Nós quando vamos para fora aconselhamos sempre as pessoas a irem à Argentina e assistirem a um River-Boca ou só para verem o sentimento dentro de um estádio, é inigualável. Ás vezes, estranho. Aqui em Portugal também acontece algo parecido, mas em Espanha ou noutros países vive-se o futebol de uma maneira diferente, parece que as pessoas se dirigem aos estádios para ir ver um teatro ou algo parecido. Na Argentina as pessoas têm mais fervor... Há pessoas que não vêem o jogo, estão de costas para o campo e virados para a gente apenas para animar o público. Na verdade, essas coisas são inigualáveis.
Quando chegou ao nosso plantel já conhecia, tirando o Aimar, algum outro jogador? Surpreendeu-se com a qualidade do plantel do Benfica, com a relação humana que havia dentro do balneário? Como é que foi entrar no balneário do Benfica?
- Sim... No início, bem... Sempre que alguém vem de fora, às vezes é complicado porque não sabemos que companheiros se podem encontrar ou a classe de gente que pode haver no balneário ou como te podem tratar. Aqui no Benfica encontrei um grupo humano muito bom, tanto os portugueses que faziam parte do clube, como há muitos brasileiros... Em quase todos os balneários se formam grupos. Por vezes um grupo relaciona-se mais com outro grupo. Mas aqui no Benfica damo-nos todos muito bem. Sempre tivemos uma relação muito boa e isso talvez é o mais surpreendente porque não acontece em todo o lado que a equipa seja tão unida.
Se eu lhe pedisse para realçar uma característica, qual é que era a principal característica que realça do plantel do Benfica?
- Hum, eu considero a humildade. jogadores de elevado nível e muito humildes, como o Maxi Pereira, ou Fábio Coentrão. São jogadores que jogaram em mundiais, que são conhecidos internacionalmente, que têm uma trajectória, como o Nuno Gomes, o Pablo Aimar, como... não sei... Óscar Cardozo... É um plantel muito rico e com pessoas muito humildes. Isso é importante porque se encontrares um grupo, e por aí há muitos, em que o plantel é muito forte tecnicamente dentro de campo, mas o relacionamento não funciona fora dele, é complicado. Mas quando há um grupo que funciona bem tecnicamente e depois também há a humildade, faz com que as coisas corram muito melhor.
Isso é o plantel, mas para haver um bom plantel, com essas características que disse, têm de ser bem comandados. Jorge Jesus tem feito um excelente papel nesse campo, não?
- Sim. Sim, tem de haver um bom treinador...
Você que foi treinado por grandes estrelas mundiais, como é que vê...
- Sim, por isso referi antes que tem que haver sempre uma pessoa que saiba comandar bem o grupo. Podes ter os melhores jogadores do mundo, mas se não houver uma pessoa que comande realmente bem o grupo, é muito difícil. Nós temos uma pessoa capacitada para comandar um grupo, temos um bom relacionamento com ele, sabe muitíssimo de futebol. E isso é muito importante. E estou convencido que tudo corre bem. 
Você disse que a humildade é a principal característica deste plantel. E da equipa técnica, o Jorge Jesus, qual é a principal característica que ele tem?
- Eu acho que é a ambição. É uma pessoa muito ambiciosa, uma pessoa que tem em mente apenas ganhar. Que se preocupa com a equipa e que a equipa na defraude os adeptos. Procura que a equipa cumpra sempre o objectivo. E isso um treinador transmite-o aos seus jogadores. Por isso acho que é importante que um treinador reúna todas essas características. 

CONTINUA!...


Parte I da entrevista a Javier Saviola, transmitida na Benfica TV no programa "Zona de Decisão" no dia 28-03-2011.
Gostaria que não copiassem sem pedir autorização pois foi tudo escrito por mim, algumas expressões foram traduzidas por mim. Tive muito trabalho com isto, por isso peço que ao retirarem ao menos dizer que o vão retirar. 
Obrigada, a administradora.