Sabias que...

Sabias que o Javier considera Jorge Jesus o treinador mais exigente que já alguma vez teve?

Pequeno excerto do livro de Javier Saviola:

"Jesus em toda a parte! No princípio era o verbo. Era mesmo. Só o verbo. Os primeiros treinos da época são feitos também também de muitas conversas. Jorge Jesus revelava uma ambição e uma força interior muito grandes cada vez que falava ao grupo ou se dirigia individualmente a um jogador. Fiquei surpreendido. Transmitia motivação e entusiasmo. Isso tranquilizava-me. Com o passar do tempo - a cada treino, a cada jogo -, convenci-me que não era só da boca para fora. Dei-me conta da paixão que ele tem pelo jogo e da minúcia que põe no trabalho. Repara em todos os detalhes. No Seixal, à hora das refeições, é comum vê-lo atento aos gestos, às palavras e até àquilo que os jogadores escolhem para comer. Apercebe-se de tudo e quando tem dúvidas pergunta. Frontalmente. Identifica estados de espírito que vão muito para além do futebol. É capaz de adivinhar, só através da observação, quando, por exemplo, temos um problema particular. Depois procura saber mais, conversa sobre o assunto, tenta encontrar caminhos.

Certo dia, quando estive lesionado, aproximou-se, parou à minha frente e olhou-me de alto a baixo. Voltou a medir-me. Fixou-se na perna lesionada e observou com atenção. Entortou o pescoço, rodeou-me, voltou à posição original e exclamou: "Tu tens a perna atrofiada. Não está como antes da lesão". E não descansou enquanto não obteve uma justificação dos médicos. Confesso que não me apercebi, mas a verdade é que Jesus vê coisas que nós não vemos. Estes detalhes reflectem-se na preparação da equipa. Não estava habituado a ter tanta informação e tão específica sobre os jogos, os adversários e a forma como devemos abordar as partidas. Jesus analisa tudo, descobre os pontos fracos, antecipa como nos vamos sentir durante as partidas e explica como devemos agir em função de cada momento. É o treinador mais exigente que encontrei até hoje. Talvez os mais jovens se surpreendam porque, por vezes, é duro. Mas rapidamente percebemos que há sempre uma razão de ser para tudo o que ele faz. Há dias em que chegamos ao centro de estágio às 15h00, treinamos às 17h00 e chegamos a casa às 20h00. Não é agradável. Mas o mister sempre nos disse que para ser campeão é preciso sofrer. Aí está a razão de ser."