segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sabias que...

Sabias que o tio de Javier lhe pagava por cada golo que ele marcava, durante a sua infância?

Pequeno excerto do livro de Javier Saviola:

"Uma das lesões mais graves da minha carreira aconteceu em casa. Improvisei um jogo no pátio, baliza a baliza, com uma bola de ténis. Eu de um lado, o Alejandro do outro.Numa das jogadas, a bola subiu... subiu... subiu e quando desceu preparei o remate à meia volta que daria um golo monumental. Mas esqueci-me que estava um vaso no chão, mesmo à medida do pé e... Uiiii! Parece que ainda hoje me dói. Quase desfiz os três dedos mais pequenos do pé. Ficaram amarelos, depois verdes, depois negros. A brincadeira obrigou-me a uma semana de repouso. Fui numa choradeira para o colo da minha mãe e, mesmo no meio daquela confusão, eu e o Alejandro tratámos de inventar uma boa desculpa: eu tinha caído e uma bicicleta, que desgraçadamente passava no local, tinha-me pisado o pé. Ninguém podia saber do nosso jogo de futebol no pátio. Mas o estado do vaso denunciava tudo. Levei, claro, um raspanete da avó Casiana, que me lembrou - cheia de razão - as outras centenas de avisos anteriores: "Não jogues em casa porque te vais magoar e estragar-me as flores!" Os meus pais eram rígidos com o relógio. Havia horas para comer, para jogar, para estudar e para dormir. Os estudos em primeiro lugar. Só jogava depois de fazer os deveres. Lembro-me de que um dia a avó Casiana teve que ir ao campo dar-me a refeição enquanto o jogo decorria. O vício era muito e a nona Casiana era uma avó daquelas mesmo "açucaradas", sempre pronta a fazer as vontades ao netinho. O talento, aliado à fraca figura física, faziam de mim a coqueluche do bairro. Todos gostavam do Javier Pedro. O tio Manolo até premiava a minha veia goleadora com dinheiro, um peso - cerca de um euro na moeda europeia - por cada golo que marcasse. E eu correspondia. Comecei a chutar à baliza de qualquer posição. Facturava que me fartava! Depois chegava a casa, dizia o número de golos que tinha marcado e estendia a mão. O tio Manolo, coitado, pagava. Até que um dia disse-me: "Vais-me levar à falência!" E denunciou o acordo unilateralmente."

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